Falta de Pilotos: O desafio número um das companhias aéreas
Qual a sua percepção do mercado de aviação para os próximos anos? Você acredita que o mercado ficará em alta ou em baixa? Bom, a resposta pode te surpreender!
A recuperação pós-pandemia no setor aéreo está sendo surpreendentemente mais rápida do que o esperado, o que levou muitos especialistas considerarem real a possibilidade de falta de pilotos em um espectro global.
Grandes fabricantes e companhias já apontam para que em um breve futuro, a necessidade de novos tripulantes técnicos crescerá significativamente.
Segundo a empresa de consultoria em gestão Oliver Wyman, é possível que por volta de 2025 exista uma lacuna de 34 mil vagas de piloto a serem preenchidas ao redor do mundo. Porém, a preocupação que assombra o setor, é que não existe uma oferta de pilotos suficiente para atender a demanda.
Diversos fatores estão contribuindo para esse cenário, o mais notável deles é o crescimento no número de aposentadorias que ocorreu durante a pandemia. Estima-se que este número está duas vezes maior que o normal, e crescendo a cada ano.
Isso permitiu para que o cenário que já era difícil, se tornasse muito preocupante para muitas companhias ao redor do mundo.
“Em muitas linhas aéreas, pilotos são obrigados a se aposentar quando atingem uma idade de 65 anos, isso significa que as aposentadorias estão ocorrendo em um ritmo mais rápido que o treinamento de novos pilotos”. Disse Corey Grape, Executivo da Thunderbird Aviation Inc, em entrevista ao site KSTP.com.
No gráfico acima, podemos observar justamente o acontecimento deste fenômeno. O crescimento de aposentadorias obrigatórias é significativo, e apenas nos EUA, esse número deve atingir já em 2022, um total de 17.751 pilotos (considerando apenas 4 das 12 grandes companhias do país).
Outro fator que se destaca é a renovação de frotas que vem ocorrendo nas grandes companhias. Com novos projetos sendo lançados frequentemente, as companhias aéreas estão retirando de suas frotas, aeronaves grandes e ineficientes e as substituindo por aeronaves menores, mais econômicas e de grande alcance. Essas mudanças, naturalmente, exigem a contratação de novos profissionais habilitados.
Além das previsões da Oliver Wyman, antes da pandemia, em 2018, um estudo foi realizado pela Boeing, e apontou que por volta do ano de 2040, serão necessários novos 635 mil pilotos ao redor do mundo. O estudo inclusive destaca que cerca de 38% dessas novas vagas vão surgir na Ásia.
A falta de pilotos já é realidade…
Engana-se quem pensa que a falta de pilotos é algo para se preocupar no futuro. Durante o ano de 2021, foram reportados inúmeros casos de cancelamento de voos nos EUA, e aí você se pergunta:
– “Por conta da meteorologia, “overbooking”, ou algo do tipo?”
Não! Por incrível que pareça a razão para os cancelamentos foi a falta de pilotos. Este problema vem sendo motivo de muita dor de cabeça para a gigante norte-americana Southwest, que cancelou milhares de voos nos últimos meses por falta de tripulantes técnicos aptos a exercer a função.
A falta de pilotos não atinge apenas os EUA, em uma previsão mais conservadora, a Oliver Wyman reportou que já no próximo ano, a Europa irá sofrer com a falta de 790 pilotos, isso significa ser extremamente realista a possibilidade de centenas de voos serem cancelados pela simples razão de não existir um profissional habilitado para exercer tal função.
Tripulantes técnicos são os tripulantes que vão efetivamente pilotar as aeronaves. E aí que está a base de todo o problema, para comandar uma aeronave comercial de companhia aérea atualmente, são requeridas diversas certificações, licenças e muita experiência. Todo esse processo leva tempo e não pode ser mudado do dia para noite. Além do mais, não existe nada que uma companhia possa fazer para contornar o problema que não seja atuar no treinamento de pilotos iniciantes.
E é isso que as mais diversas companhias do setor estão apostando. Diversas parcerias entre gigantes do ramo e escolas de treinamento de pilotos estão sendo firmadas. Uma das mais notáveis até o momento foi a Alpha Aviation, empresa que com a ajuda do governo dos Emirados Árabes Unidos irá inaugurar na Índia um Centro de Treinamento de Voo avaliado em U$$15 milhões de dólares, prometendo ainda, um investimento de U$100 milhões ao longo dos próximos anos.
O que podemos concluir disso tudo?
Bom, é importante entendermos que a aviação é cíclica, dessa maneira, não necessariamente a falta de pilotos obriga uma companhia a encontrar soluções a curto prazo, porém, quando falamos a longo prazo, a história se desenha de maneira diferente.
A pandemia causou um impacto devastador em setores como o da aviação, muitas companhias encerraram suas operações e outras entraram em recuperação judicial, o que gerou de certa maneira, que as companhias criassem mecanismos de “blindagem”.
Isso significa que ainda existe um receio por parte das mesmas em contratar novos profissionais, já que o cenário ainda é incerto. Porém quando falamos em longo prazo, a situação muda completamente. A exigência de profissionais qualificados será extremamente valorizada, considerando que as aeronaves modernas que hoje vigoram o centro das atenções do mercado, exigem um alto nível de proficiência de seus tripulantes.
Por conta disso, é sempre importante frisar a necessidade de sempre estar preparado para o mercado, pois ele é imprevisível, e o crescimento súbito de contratações pode ocorrer a qualquer momento.
Por fim, não podemos confiar todas as nossas fichas apenas em previsões, porém elas são ótimos termômetros para o mercado em que pensamos nos inserir. E no caso da aviação, esse “termômetro” aponta para um cenário muito otimista e com muitas oportunidades!