Você sabia que todo voo começa MUITO antes de uma aeronave ser acionada?!
Sim, isso é uma realidade dentro da aviação, seja qual setor você estiver pensando, desde treinamento, até grandes jatos! Afinal, para desenvolvermos um voo seguro, é necessário que seja realizado um planejamento de voo, garantindo que tudo seja realizado dentro dos parâmetros aceitáveis.
Para isso, devemos seguir um passo a passo, analisando os principais pontos que possam afetar a realização de um voo. E aí, quais são os principais itens, o passo a passo a ser realizado?
1° Elemento: Análise meteorológica
O que deve ficar claro durante este artigo é que todo voo começa com uma boa análise sobre a meteorologia.
Identificar os potenciais fenômenos meteorológicos é extremamente importante, visando evitar ameaças estruturais e operacionais (ex: turbulências severas, trovoadas, baixa visibilidade e/ou teto) durante todas as fases do voo, principalmente durante a rota e aproximações, prevendo ainda não apenas a origem e o destino, como também os alternados. É importante ter a consciência da meteorologia ao redor da rota, criando assim um “big Picture” meteorológico.
Para ficar ainda mais claros os riscos de decolar sem uma boa análise, tenha em mente que apenas nos últimos 10 anos, foram contabilizados 35 acidentes fatais no Brasil ocasionados por “voo controlado contra o terreno – CFIT”, ou seja, situações onde a aeronave colide mesmo com o controle total do piloto. Em sua grande maioria, esses acidentes ocorrem, principalmente, devido o encontro com condições meteorológicas adversas.
Visando prevenir esses cenários adversos, podemos dividir a análise meteorológica em dois aspectos: Previsão e Observação
Fase de Previsão: Como o nome já diz, é realizada com o intuito de identificar as futuras ameaças e condições adversas ao voo. A previsão meteorológica é uma fase que pode iniciar até mesmo dias antes do voo, estendendo-se para as horas que antecedem o mesmo.
Nesta fase o piloto deve buscar informações sobre ventos, teto, visibilidade e fenômenos não apenas no aeródromo de decolagem, como também sobre a rota, destino e alternativa, como mencionamos.
Fase de Observação: É a fase na qual é feita análise do tempo real, comparando com o indicado na previsão. Nesta fase busca-se avaliar as condições reais do tempo, julgando se enquadram-se tanto dentro dos mínimos operacionais quanto mínimos pessoais.
Uma maneira de realizar com eficácia essa análise é adotando um checklist, garantindo assim, que todas as informações essenciais tenham sido consultadas antes de um voo. Neste caso, você pode criar o seu próprio checklist.
Lembrando que embora existam várias formas de se obter informações meteorológicas, as mais confiáveis são das fontes oficiais que se destinam a aviação; através do REDEMET, o portal oficial de meteorologia do DECEA – Departamento de Controle do Espaço Aéreo.
2° Elemento: Análise sobre a ROTA
Como muitos possam imaginar, colocar um avião no ar não é o mesmo que pegar um carro e sair pelas ruas dirigindo. Na aviação é necessário planejamento e prevenção.
Para decolar um avião, você deve ter certeza que todas as fases do voo serão possíveis, afinal, no céu não existe acostamento!
Uma forma de garantir que isso aconteça, é realizar antes de todos os voos, a checagem sobre a operacionalidade de todos os aeródromos que você pretende utilizar, incluindo partida, destino, alternativas, e possíveis aeródromos durante a rota.
Tudo isso é feito através da consulta ao ROTAER (Manual Auxiliar de Rotas Aéreas), que tem como objetivo fornecer todas as informações pertinentes as operações em aerodrómos brasileiros.
Além disso, é de extrema importância que você esteja atualizado sobre todos os boletins operacionais (NOTAM) que façam parte da sua rota, verificando as possíveis variações dos procedimentos que estejam em vigor.
Lembrando que tudo isso e muito mais pode ser consultado através do site AISWEB, do DECEA. Vale a pena se familiarizar com a plataforma, considerando que muitas informações essenciais ao voo, são consultadas por lá!
3° Elemento: Análise sobre a performance da aeronave.
Além dos passos acima mencionados, existe mais um passo essencial no planejamento de um voo.
Todo piloto é responsável por garantir que a sua aeronave tenha performance suficiente para operar em uma determinada localidade, seja para decolagem ou pouso.
Isso deve ser feito, pois, todas as aeronaves possuem variações em suas respectivas performances conforme a variação atmosférica, o peso, as distâncias de decolagem e pouso.
Para garantir que tudo isso seja respeitado, é interessante que o piloto tenha pleno conhecimento sobre os manuais operacionais de sua aeronave. O principal entre eles é o POH (Pilot Operating Handbook), onde podem ser encontradas tabelas de peso e balanceamento, tabelas de decolagens com obstáculos ou em pistas curtas e tabelas sobre a performance de subida das aeronaves.
Se você está no começo de seu curso prático de Piloto Privado Prático, busque dominar esses manuais, afinal, é através deles que muitas de suas dúvidas serão sanadas.
Lembre-se sempre que um bom piloto é aquele que voa através do manual!
“Go or No-Go” (Ir ou não ir)
Após tudo que vimos durante o texto, chegamos a parte mais desafiadora do planejamento de voo: A decisão de ir ou não ir.
Essa decisão não é simples e envolve a análise de diversos fatores como os que apresentamos ao longo do texto, porém, o mais importante é deixar claro que essa decisão NÃO deve, em hipótese alguma, ser tomada considerando fatores externos, como pressão de terceiros (dono/operador da aeronave/instrutor), atrasos, pressa, etc.
A decisão de ir ou não ir é exclusiva do comandante da aeronave, e em casos como voos de instrução é importante que o aluno desenvolva auto-confiança suficiente para assumir essa responsabilidade.
Pode parecer muita coisa, não é mesmo?
Saiba que é extremamente normal essa sensação e talvez até mesmo sentir um pouco de medo, afinal, muito possivelmente, aviação seja um mundo novo ainda para você;
Para garantir que você domine não só essas etapas, ferramentas e manais, é muito importante que você invista em uma formação teórica sólida, pois será a partir dela que você irá desenvolver todas as demais habilidades e conhecimentos necessários para voar com segurança e estar preparado para as exigências do mercado de trabalho atual.
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E para terminarmos, aqui fica o aprendizado e a reflexão mais importante deste artigo:
Decolar é OPCIONAL, pousar é OBRIGATÓRIO! Sendo assim, se estiver inseguro sobre alguma condição, não hesite em tomar uma decisão.
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Quer conhecer um pouco melhor as ferramentas mais utilizadas no planejamento de um voo? Confira o nosso artigo sobre o tema!
FERRAMENTAS MAIS UTILIZADAS POR PILOTOS PARA PLANEJAR UM VOO COM SEGURANÇA
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