O início de uma carreira na aviação sempre se dá da mesma maneira. O aluno em seu primeiro dia de aeroclube é apresentado ao mundo da aviação por seu instrutor, que como um mentor, irá sempre fazer parte das memórias de seu aluno.
O instrutor de voo é, sem dúvidas, um dos elos mais importantes da aviação. Estes profissionais são responsáveis moldar a cabeça de centenas de futuros aviadores, e essa responsabilidade, por mais que seja gigante, é muito satisfatória para esses profissionais.
É importante citar que não é apenas o aluno que está em fase de aprendizagem, o instrutor também aprende a cada voo que realiza. Considerando o contexto da aviação civil brasileira, onde a exigência de experiência nas seleções de companhias aéreas raramente é menor que 200 horas, é incomum encontrar pilotos comerciais que não tenham em algum momento sido instrutores de voo.
Dessa maneira, podemos considerar que, assim como os cursos de Piloto Privado e Piloto Comercial, a instrução faz parte da formação de muitos pilotos pelo Brasil.
O conhecimento desenvolvido durante a aplicação da instrução de voo é uma das experiências mais valiosas durante a formação, quando estamos ensinando alguém, assimilamos melhor o conteúdo. Além disso, a imprevisibilidade é uma característica marcante na vida de um instrutor de voo, e isso é um ponto positivo da profissão, pois desenvolve habilidades específicas e prepara o piloto para diversas situações que pode encontrar durante sua vida.
Dito isso, é importante para ambos os lados, estabelecer uma boa relação de profissionalismo, sempre com muito respeito e confiança mútua.
A confiança é sem dúvidas a palavra-chave na instrução, o aluno por naturalidade confia em seu instrutor, porém nem sempre este sentimento é mútuo, e é nesse ponto que a relação Aluno-Instrutor pode ruir.
Apesar de a relação entre aluno e instrutor ser em grande parte positiva, existem algumas exceções que podem causar desconforto tanto nos alunos quanto nos instrutores. Uma das reclamações mais recorrentes de alunos são de uma minoria de instrutores que priorizam a hora de voo ao invés da instrução. Nesses casos o aluno muitas vezes não se sente confortável em levar adiante a situação, o que pode prejudicar toda a sua instrução.
Já se viu em uma situação como essa? Então iremos dar algumas dicas de como você pode se portar para não prejudicar sua aprendizagem:
1 – Conheça o seu perfil comportamental e o do seu instrutor
Saber seu perfil comportamental é essencial para entender suas habilidades de comunicação, e entender como se comunicar de maneira adequada com seu instrutor em busca de uma solução. Lembre-se, às vezes a sua relação com seu instrutor não é boa, por conta de ambos possuírem perfis comportamentais opostos. Se esse for o caso, tanto o aluno quanto o instrutor devem buscar um alinhamento, entendendo as diferenças entre si.
A adaptação é uma característica essencial para um piloto. Conseguir alinhar suas diferenças com outros profissionais não é apenas importante para sua aprendizagem, como também, para seu crescimento profissional.
Aproveitando a brecha, nossa especialista em processos seletivos para cias aéreas, Olga Ferreira, produziu um vídeo detalhando minuciosamente cada um dos 4 perfis comportamentais. Quer fazer o teste e saber qual o seu perfil comportamental? Acesse o link abaixo!
Conheça seu perfil compartamental
2- Entender a importância das habilidades não técnicas
Atualmente, não basta ter conhecimento de como pilotar uma aeronave, a área não técnica é considerada por muitos, o conhecimento mais importante para um piloto. Mas enfim, o que são essas habilidades não técnicas e no que elas podem te ajudar a melhorar o seu relacionamento com seu instrutor?
Indo direto ao ponto, habilidades não técnicas (“soft skills” em inglês) são as habilidades que não envolvem diretamente a pilotagem, porém possuem um grande impacto em como o voo é conduzido, alguns exemplos de soft skills são a comunicação, trabalho em equipe, autoconhecimento, etc.
Ter o domínio de soft skills, permite com que você como aluno saiba lidar com situações inesperadas de uma maneira mais efetiva, diminuindo os conflitos dentro da cabine, o que consequentemente colabora com uma comunicação mais limpa e sem ruídos.
Além disso, as habilidades não técnicas são as mais cobiçadas durante as seleções de companhias aéreas. As grandes empresas aéreas preferem profissionais que tenham grande capacidade de comunicação em detrimento de profissionais com alta capacidade técnica, porém baixo nível de comunicação interpessoal.
3- Crie uma relação profissional com seu instrutor
Este ponto é muito importante para todos os alunos, ter uma relação profissional com seu instrutor é saber se comunicar visando o bem-estar para ambos. Em outras palavras, você deve sempre ser sincero com seu instrutor e expressar os pontos positivos e negativos da instrução, sempre com respeito e buscando a melhora.
Dito isso, é importante entender também os “deveres” do aluno na criação de uma boa atmosfera de aprendizagem.
Assim como os instrutores, os alunos também possuem “deveres” para uma boa instrução.
Dessa maneira, a dedicação é a característica mais importante que o aluno deve ter durante a instrução. É esperado que você como aluno sempre dê seu máximo dentro da cabine, e seja aplicado tanto nos estudos quanto nas atividades inerentes ao voo.
Existe uma frase muito usada principalmente no mundo das artes marciais que se aplica perfeitamente na aviação: “Um aluno nunca pode se cansar de aprender. Um aluno deve sempre estar ansioso para adquirir novos conhecimentos e formular perguntas.”
O que quero dizer com tudo isso? Basicamente que um bom relacionamento de trabalho entre instrutor e aluno exige muita dedicação de ambas as partes, não apenas do instrutor.
Por fim, gostaria de propor uma reflexão: nem sempre a relação entre um instrutor e aluno irá prosperar, e isso é completamente normal! Como dissemos no texto, todos nós temos perfis diferentes, logo nos comportamos de maneiras diferentes dentro da cabine. Sendo assim, converse com seu instrutor, e se na pior das hipóteses não for possível contornar o problema, mude de instrutor, afinal essa decisão será a melhor para ambos.
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